Parte I/ Arquivo Sobrenatural/ Capítulo 7

              –  O que pensa que está fazendo? – Skinner esbravejou. – Não se esqueça que arrisquei meu próprio pescoço, para reintegrá-lo a equipe, agente Mulder!
              Não senhor! Eu não me esqueci, mas…
              Tão cedo, e já caçando confusão? – Skinner bradava em tom zangado. – Quanto tempo acha que irá durar por aqui, agindo assim, Mulder?
              Senhor eu…
              Pensei que já havia parado de implicar com o agente Doggett. – exclamou. – Vocês deveriam trabalhar em equipe e…
              Como? Se ele me acusa de roubo? – disse Mulder sobrepondo seu tom de voz à  de Skinner.
              Roubo? – Skinner perguntou perplexo. – Como assim?
Nesse ínterim, Doggett contara sua versão da história para a agente Scully. Esta entendeu que deveria haver algum engano; recusava-se a acreditar que Mulder seria capaz de uma atitude tão irresponsável. Mas a conversa fora interrompida pela chegada de outros dois agentes federais.
              O que se passou por aqui? – Henriksen perguntou ao adentrar a sala. – Parece que passou um furacão! – exclamou irritado. – E vocês o que fazem aqui? – disse ainda irritado, ao notar Doggett e Scully.
              Posso explicar! – disse Scully solícita.
              Ah, é certo que pode! Não só pode, como deve! – Henriksen afirmou, sem fazer questão de ser igualmente solícito.
Tal atitude irritou o agente Doggett que se preparava para responder grosseiramente, caso Henriksen destratasse mais uma vez a agente Scully. Porém, quem falou foi o bajulador do agente Érik Reedy.
              Sua caneca, Henriksen! – disse indignado. – A caneca que te dei de presente! Foi-se!
              Hein? – Henriksen distraiu-se com o choramingo de Reedy.
              É melhor eu explicar… – Doggett disse à Scully. – Afinal tenho culpa nisso!
A distração momentânea de Henriksen havia passado, ao escutar a confidência de Doggett. E agora, queria arrancar-lhe uma confissão.
              Então foi sua culpa? – indagou já esbravejando!
              É, acho que sim! Foi ele! – disse Reedy.
              Não é nada disso! – Scully apressou-se a dizer. – Andávamos pelo corredor, quando ouvimos uns barulhos e constatamos que haviam invadido esta sala! – ela mentiu, porém, convincentemente.
 E olhando nos olhos de Henriksen continuou: – Demoraria muito até te chamar! Então nós dois entramos para deter o invasor; mas ele atacou-nos, ferindo Doggett. – e apontou o colega, já descabelado e machucado, pela briga que tivera com Mulder. – Tive que sair e chamar reforço, mas quando voltei, o agente Doggett estava desmaiado e o invasor havia fugido! Agora, estávamos apenas conferindo se faltava algo, quando você chegou agente Henriksen. – disse lendo o crachá ao peito do agente.
              Hum… Sei, não! Sei não! – Exclamou Reedy.
              Quieto, Reedy! – Henriksen o censurou. E olhando mais atentamente para Scully disse: – Você… Acho que a conheço, não?
              Talvez! – Scully respondeu. – Sou parceira do agente Mulder!
              Ah, o Spooky Mulder! – Henriksen disse com desdém. – Aquele maluco!
Scully mal passara uns dez minutos no mesmo ambiente que Henriksen e, já não simpatizara com ele.
              Guarde sua opinião para você! – ela disse zangada. – Doggett e eu já fizemos nossa parte, portanto vamos embora! – ela mudou o tom de voz, de modo a ser cortês. – E, lamento, mas não devo explicações nem a você, nem a seu parceiro – disse referindo-se a Reedy. – E muito menos… – alteou novamente o tom de voz, zangada. -… Tenho que ouvir ofensas a meu parceiro!
Scully foi em direção à porta, seguida pelo agente John Doggett. Reedy ainda admirava abismado a sala desarrumada e os objetos caídos, enquanto Henriksen observava os dois agentes se retirarem, espumando de raiva.
* * *
Sam e Dean chegaram à casa de Tod Simpson. Durante o caminho, Sam contou ao irmão, sobre a conversa com Alonso Herrera. E Dean contou-lhe sobre as várias cantadas que recebera das líderes de torcida; as futilidades que elas disseram sobre Juddy e sobre elas mesmas, e claro, aproveitou para importunar o irmão mais um pouco.
              Vamos ver o amiguinho da sua namoradinha! – disse zombeteiro.
              Ah, não enche, Dean! – Sam respondeu impaciente.
              Você deveria aproveitar Sammy! É sério! – disse ao desligar e estacionar o carro. – Você é muito careta! Precisa se divertir um pouco mais! E ela te dá bola!
              Divertir-me como quem, como você? – Sam perguntou, ao descer do carro.
              E, por que não? – disse Dean, animado. – Eu me divirto mesmo e daí? A vida é curta! Sabia Sammy? Além do mais, que mal há em dar uns amassos?
Do lado de dentro da casa, Madlaine já havia chegado e conversava com Tod e Susan.
              Obrigada, por me deixarem vir aqui! – disse Madlaine, e deu um gole em sua xícara de café. – Receio que aquele mala sem alça, vá me procurar lá no trabalho.  E não quero ter o desprazer de vê-lo novamente.
              Hã? O que? – disseram ao mesmo tempo, Tod e Susan.
              Ah, me desculpem! – Madlaine deu um sorriso sem graça. – É um chato que se intrometeu na investigação.
              Da morte do Jared? – indagou Susan.
              É! – confirmou Madlaine. – Por falar nisso jovem, onde anda aquele rapaz misterioso? É seu amigo também, não?
              Rapaz misterioso? – Tod perguntou.
A campainha tocou e antes que Madlaine ou Susan respondessem, Tod foi atendê-la.  Ao abrir a porta, viu que eram os irmãos de quem Susan havia falado. Susan também os viu e foi até eles. Abraçou Sam, ao aproximar-se, deixando Tod enciumado e Dean com um risinho sarcástico e malicioso. Sam pôde perceber o riso, ao espiá-lo por cima dos ombros. Madlaine veio logo depois.
              Ah, enfim nos encontramos novamente, não é? – ela disse para Sam. – Falávamos justamente de você, rapaz misterioso!
* * *
Mulder contou a Skinner sobre a acusação que Doggett lhe fizera. E como, por causa disso, perdera o controle. Após ouvi-lô, Skinner não fez nenhuma objeção. Em vez disso, solicitou a sua secretária que providenciasse uísque; quando enfim se pronunciou:
              Entendo agente Mulder! No entanto, ainda acho que deveria ter se controlado!
              Me controlado? – Mulder disse estupefato. – Você no meu lugar se controlaria? Ao descobrir que não irá mais trabalhar onde gosta, e ainda ser acusado de roubo? – disse num tom levemente exaltado.
Skinner abaixou o rosto sem graça. Mulder logo descobriria que desde o início não fora designado para retornar aos Arquivos-X, mas ele não sabia o que dizer.
              Você sabia, não? – perguntou Mulder notando que Skinner evitava encará-lo. – O tempo todo você soube! – afirmou convicto. – Que eu não voltaria à seção dos Arquivos-X. Não é? – ele encarou Skinner, alteando o tom de voz.
              Mulder, eu… – Skinner ainda não sabia o que dizer.
              Você me enganou! – Mulder esbravejou. – E confiei no senhor! – disse decepcionado. Controlava-se para não brigar com Skinner.
                  Mulder entenda! – Skinner parecia haver encontrado o que falar. – Você tem que entender! Também sigo ordens e…
              Com licença? – disse a agente Leyla Harrison ao abrir a porta do escritório.
              Agora não dá agente Harrison! Estou muito ocupado!
              Mas senhor! – ela exclamou ao entrar, ignorando o que Skinner dissera. – Tenho algo muito importante a falar!
              Estou no meio de uma conversa importante ag. Harrison! – Skinner esbravejou. – Mulder já recomeçou mal!
              Senhor, por favor! Não o demita! – Leyla demonstrava-se preocupada. – Eu te imploro! Sou culpada! – seu semblante, agora, era deveras envergonhado. – Fui eu quem roubou o arquivo da mesa do agente Doggett!
                Skinner chocou-se com a confissão inesperada. Doggett e Scully que haviam acabado de chegar, olharam estupefatos e incrédulos para a agente Harrison.
          – Se alguém aqui for ser demitido… – ela disse. – Este alguém sou eu!